As CEB´s da Diocese de Sobral estiveram representadas no 13º intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base realizada na diocese de Crato na Cidade do Juazeiro do Norte nos dias 7 a 11 de janeiro de 2014, com uma delegação de 45 representantes dentre Leigos, Leigas, Diáconos, Animadores de Comunidades, Religiosas, Padres e o Senhor Bispo Diocesano Dom Odelir. Dentre as paróquias representadas estavam Paróquia de Acaraú – 9 pessoas entre leigos, Pe. Eudes e Diácono Gilson, Paróquia de Cruz – dois leigos, Paróquia São Paulo Apóstolo – 3 leigos, Área Pastoral de São Luís Gonzaga- Seminarista Expedito, Paróquia do Ipu – Diácono Lucas, Cáritas Diocesana – 2 agentes leigos, Paróquia de Massapê/Sindicato Rural – 4 leigos, Paróquia de Coreaú – 4 leigos, Paróquia de Santana do Acaraú – 2 leigos, Paróquia do Patrocínio – 1 leigo, Paróquia do Sumaré – Pe. Mesquita e 1 leigo, Paróquia de Mucambo – 1 leigo, Coordenação de Pastoral Pe. Denilson, Paróquia de Jaibaras / Setor III – 1 leigo e de outras expressões religiosas de Matriz Africana 5 representantes.
Foi um tempo de profunda reflexão teológica, de fazer memória dos gritos e lutas das comunidades, celebrar a vida, a arte e as expressões culturais dos artistas da caminhada, apresentar e celebrar o martírio de tantos companheiros e companheiras na caminhada do povo de Deus.
O 13º Intereclesial já começou nos momentos de preparação e na saída da delegação da cidade de Sobral na madrugada do dia 7/01, quando a 1h da manhã na madrugada de segunda para terça foi realizado o envio dos delegados na Praça do Abrigo sobre as bênçãos da Mãe de Deus Nossa Senhora das Graças. Após o momento de mística, Dom Odelir concedeu uma bênção especial aos romeiros do campo e da cidade rumo ao Juazeiro do Norte. Seguimos viagem no clima de oração, festa, partilha de comida e de alegrias no ônibus, nossa primeira parada foi na Cidade de Várzea Alegre onde os párocos daquela querida cidade nos receberam com um maravilhoso café da manhã quase “almoço” às 11hs. Ali já sentimos nos nossos corações a alegria da ACOLHIDA dos romeiros e das romeiras.
A Diocese de Sobral e a Diocese de Itapipoca foram acolhidas pelas famílias da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, numa paróquia urbana na cidade do Crato com muitos desafios sociais, mas que durante todos os dias fizeram de tudo para nos sentimos em casa e bem acolhidos. Todos os delegados foram hospedados nas casas dos paroquianos seja nas famílias mais simples às que tinham maior condição de maneira que não houve qualquer tratamento privilegiado particular a qualquer representante seja padre ou leigo, pois o grande sentimento era que todos estavam em missão e em romaria.
Aqui registramos nossos agradecimentos a todos na pessoa da Luzinete, Nubia e o Pároco que tão bem nos acolheu. Um exemplo para demostrar o carinho para com o povo de Sobral foi ver as famílias saírem de suas casas durante o 13º para hospedar dos delegados durante todo evento, a vivência de missão na comunidade, o café nas famílias, os almoços e jantar comunitários e as celebrações.
Voltamos do 13º, após vivências no Caldeirão do Beato Zé Lourenço (denominada de grande plenária para mais de 5 mil pessoas), nos Ranchos Pe. Ibiapina, Margarida Alves, Pe. Cicero, Beata Maria de Araújo, Prof. Marina Gurgel, Zé Martins e Manoel Martins “Manelão” (denominadas mini plenárias) e nos Chapéus (denominando os pequenos grupos de trabalho), podemos experimentar um grande aprendizado na participação de momentos místicos e de profunda espiritualidade como a Via Sacra no Horto de Pe. Cicero em memória dos Mártires e dos profetas da caminhada, onde se deu destaque ao mártir de nossa Diocese de Sobral Benedito Tonho, nas celebrações Indígenas, Africanas, na vivência da manhã de missão, nos momentos de vivência cultural com os artistas da caminhada e nas grandes celebrações e romaria de abertura e de encerramento.
Compreendemos que o Cristo Jesus sempre está no caminho. Daí a grande necessidade de fazermos a reflexão sobre o TEMPO E O CAMINHO, pois há momentos que o TEMPLO é importante, e há o momento da importância do caminho. E de nos perguntarmos estamos nos templos ou no caminho, como o bom Samaritano o qual teve misericórdia daquele pobre homem caído na estrada?. A ideia da Igreja como uma rede de comunidade é a dimensão de um grande santuário onde os sedentos irão beber para continuar sua caminhada e construir o Reino de Deus para todos e todas.
Existe uma condição dialética entre o templo e o caminho, entre os espaços e a espacialidade nas ceb´s. Ser romeiro no campo e na cidade, estar em romaria, se colocar no caminho é compreender e aderir à espacialidade da mística e estar atento à pronúncia do Evangelho quando diz o Senhor “Eu sou o caminho…” O peregrino vai em direção ao outro, há outro centro, assim o romeiro, o leigo e a pessoa do caminho é protagonista de sua liturgia, comtemplando a seguinte reflexão que “A beleza está nos olhos de quem vê.. O Sagrado está nos olhos de quem crê…”
A Carta enviada pelo Santo Padre Francisco aos delegados do 13º e a Carta dos mais de 80 Bispos presentes reafirmam que a Ceb´s é um jeito NORMAL, antigo e novo de ser Igreja, que concretiza os sinais de profecia e esperança na Igreja e na Sociedade, dos quais as Ceb´s se fazem sujeito. A própria mensagem do Papa Francisco nos fez refletir e compreender que as ceb´s do Brasil e de toda América Latina não se cansam de ser rosto da Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas e não de uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças, do perigo dos luxos, privilégios, dinheiro “dízimos e dízimos”, riquezas, etc. Portanto, o grande chamamento do 13º foi a busca da vivência de uma fé comprometida com a justiça e a profecia, alimentada pela Palavra de Deus, pelo sacramento, numa Igreja toda ministerial que valoriza e promove a vocação, a missão e o protagonismo dos cristãos leigos na comunhão. E que a Ceb´s continue sendo um jeito artigo, novo e normal de ser Igreja e de responder no hoje a proposta de Jesus: Ser comunidade a serviço da vida, assim continuarmos grávidos da utopia do Reino de ser CEB´s como Igreja romeira da justiça e profecia que luta pela Vida, a serviço do bem viver, sendo sementes de justiça, comunidades profetas de esperança e da alegria de anunciar os evangelho com todas suas consequências.
Voltamos à Diocese de Sobral com a certeza que a CEB´s não morreu e que nunca morrerá como tantos propagam. Mas que devemos reanimar, reacender a tensão entre paróquia e comunidade, leigos e padres para construir uma Igreja libertadora e viver profundamente o mandamento das primeiras comunidades. Juntamo-nos à voz de Maria Imaculada Conceição, padroeira de nossa diocese, à de Pe. Ibiapina e Benedito Tonho que na vida e na prática de comunidade souberam louvar ao Deus da vida que realiza suas maravilhas nos humilhados. Unamos nossas vozes à sua, para com ela derrubar os poderosos de seus tronos e elevar os humildes, despedir os ricos de mãos vazias e encher de fartura a mesa dos empobrecidos.
Irmãos e irmãs, lhes abraçamos com amorosidade e acolhimento. Amém. Axé, Auerê, aleluia!
Chiquinho Silva
Coordenação das CEB´s e CPT de Sobral.
